MULHER-MARAVILHA (WONDER WOMAN, PATTY JENKINS, 2017)
Encantador e apaixonante são alguns adjetivos que servem pro filme da Mulher Maravilha pra mim. Eu adorei esse filme. Embora ele não seja perfeito, ele
me pegou bastante justamente porque conseguiu superar e fugir das falhas
separadas dos filmes de super–herói da Marvel e da DC. E melhor, o filme mostra
uma solução pra essas falhas. Sobre os filmes da Marvel, estou feliz que Mulher
Maravilha tenha mostrado que é possível fazer um filme otimista com momentos de
humor, mas que não é definido pelas suas piadas e fica refém delas. Eu fiquei muito feliz pela falta de piadas
idiotas no filme e aquele sentimento que tudo é descartável ou esquecível. E
por outro lado, estou muito contente como o filme também mostrou uma mudança
sutil na fotografia e no estilo das cenas de ação desses filmes. Eu acho que
ele une o que tinha de bom nesse quesito dos nos filmes anteriores, faz bom uso
disso e até melhora isso excluindo as falhas que os outros filmes que vieram
antes dele tinham nesse aspecto. Esse filme tem uma verdadeira beleza e ele
consegue criar uma intensidade real no universo que ele explora e nas cenas que
ele constrói habilmente. Eu também acho que a historia do filme e o próprio roteiro
te oferecem situações muito reais e momentos que são emocionais de verdade no
final das contas, diferente da maioria desses filmes de super–herói. No lado da
DC ainda, com Mulher Maravilha você consegue ver que eles finalmente
conseguiram fazer um filme bem estruturado, bem amarrado, o filme não é corrido
demais, mas também não é lento ou pedante, as interações entre os personagens
são naturais, o humor não é forçado, o trabalho de direção da Patty Jenkins é
excelente e merece todo o mérito do mundo por isso, ela dirige esse filme com toda
a exatidão que um filme desses precisa e não o deixa se transformar em um vídeo
clipe vazio ou um amontado megalomaníaco de cenas de ação ou sem ligação, o auge
da direção dela pra mim é na cena de No Man's Land, uma cena tão incrível e tão
bem dirigida por ela que faz a maioria das cenas dos filmes de super–herói
atuais sentirem vergonha, ela faz com que esse seja um filme completo e que ele
funcione por si próprio, tudo isso e muito mais. De novo, o filme tem alguns
problemas, o elenco poderia ter sido mais desenvolvido, especialmente as
Amazonas e os companheiros da Diana e do
Steve, eles são tão interessantes que você quer ver mais deles, mas pra ser
justo, o jeito que esse filme desenvolve os personagens em comparação com os
primeiros filmes do Capitão América e do Thor faz o roteiro eficaz que o Allan
Heinberg escreveu pra Mulher Maravilha parecer Shakespeare. Outro problema do
filme é a batalha final com o vilão, apesar de visto muitas pessoas reclamando
do ato final do filme, não acho ele tão ruim assim e não vejo esses defeitos
todos nele que a maioria vê, o acho falho, mas não ruim, acho a batalha final genérica
demais, por exemplo, é aquela batalha de sempre contra o vilão com muito cgi,
apesar de não me incomodar tanto quanto me incomoda em outros filmes e ela ter
bons momentos, e acho que o vilão poderia ter permanecido na forma original dele.
Ainda assim, são problemas muitos pequenos e qualquer problema que ele tenha é minúsculo
quando comparado com as qualidades que ele carrega, Mulher Maravilha é um filme
extremamente agradável e eu adorei a sua falta de cinismo, o seu espirito
otimista e o fato dele não parecer um filme vazio e cheio de formulas feito
apenas por produtores com um diretor fantoche pra dar certo e que vai ser
esquecido em uma semana, você sente que o coração da Patty Jenkins está
inserido nesse filme, que esse coração está no lugar certo, você sente a paixão
dela pelo filme que ela está fazendo, o filme jamais se torna apenas um filme
pra “ligar o universo” ou um filme que parece ser apenas um grande episodio de
um seriado gigante com alguma ou algumas cenas pós–credito engraçadinhas ou com
algum fanservice que grita para o publico: “Ei, esses são os comercias pros
nossos próximos filmes!”. Não, ele é um filme completo e funciona por ele
próprio, como um filme só e ponto, sem precisa de outros filmes, de um universo
ou nada disso, além de ser um filme muito bom e extremamente importante que se sustenta
como bom cinema e bom entretenimento. Sobre o elenco, deve se notar que a Patty
Jenkins ainda é uma ótima diretora de atores como ela já havia provado antes
com a Charlize Theron em Monster (2003), a Gal Gadot está excelente e ela
definitivamente nasceu pra viver a Mulher Maravilha, ela tem que melhorar um
pouco como atriz é claro e a atuação dela tem alguns momentos duvidosos, mas
nada que comprometa a interpretação dela no geral ou distraia. Na maior parte
do tempo, a atuação dela se destaca em cada faceta da personagem. Retratando a
Diana como a peixe fora da água, ela é divertida sem ser excessivamente cômica,
e nunca é exagerada. Ela também encarna com maestria a presença poderosa que a
Mulher Maravilha precisa ter porque ela compõe da maneira perfeita como a
personagem precisa ser. Ela transforma todo o otimismo da Diana em algo
palpável e faz dele até um poder indiscutível da personagem. Além de ter um
carisma que fica claro pro publico retratando toda a força da Diana de maneira
perfeita. Falando em carisma, o Chris Pine está ótimo, talvez seja dele a
melhor atuação do filme, ele é o melhor exemplo de como um co–protagonista deve
ser construído em um filme desses da melhor maneira possível e dando a sua
melhor atuação fazendo como um herói clássico. Pine mostra nesse filme a melhor
demonstração de todo o seu carisma, porque ele está mais carismático que nunca,
mas não precisa subverter isso nunca porque não é necessário e ele nunca lembra
o Capitão Kirk ou jamais faz do Steve Trevor uma imitação dele. Ele, porém
consegue balançar muito bem os outros lados do seu personagem criando um senso
de perigo real nas cenas de guerra, proporcionado o peso certo pra elas,
oferecendo algo real e verdadeiro pro seu personagem. O que faz o filme e a
atuações dos dois funcionar muito também é a química fantástica que eles têm.
Eles são maravilhosos em cada interação que os seus personagens tem, em
retratar cada momento de humor dos dois e fazer o romance dos dois funcionar
completamente. A parceria dos dois nunca parece forçada e os dois demonstrar um
afeto tão grande do começo ao fim que os tornam facilmente o melhor casal de
qualquer filme de super–herói já feito pra mim. Sobre os coadjuvantes, o David
Thewlis está bem, dando carisma suficiente pra todos os lados do seu
personagem, ele funciona bem como o mentor na primeira parte do filme lembrando
o Ralph Richardson em qualquer filme de guerra e depois se destaca conforme o
seu personagem acaba ganhando mais camadas, o mais legal é que ele consegue
retratar muito bem todas essas facetas, especialmente no clímax do filme onde tem
uma virada de ultima hora que é atuada por ele de forma muito eficaz. Tanto a
Robin Wright quanto a Connie Nielsen fazem um bom trabalho em oferecer a
composição correta pras suas personagens, a atuação delas é muito semelhante
até, o que muda é a maneira diferente que as duas entregam ela, enquanto a
Wright é mais interna em mostrar os sentimentos da sua personagem, a Nielsen é
mais externa especialmente nas cenas com a Gadot, e também combinando isso
muito bem com toda a força que elas entregam pras suas personagens e a força
que as duas atrizes demonstram casa totalmente com o papel. O Danny Huston está
péssimo e excessivamente exagerado compondo mais um vilão ruim de um filme de
super–herói. A Elena Anaya também está exagerada, embora pelo menos ela esteja um
pouquinho mais divertida que o Huston fazendo quase que uma imitação de
cientista maluca e do Peter Lorre, e na verdade eu acho que ela até se encontra
no seu momento final mais emocional. A Lucy Davis faz um alivio cômico eficaz sem
se tornar exagerada de forma alguma ou virar motivo de chacota, o que é ótimo.
Ela é divertida e encantadora sem nunca se tornar irritante, o que é muito bom.
Pra terminar o elenco, eu queria que a Saïd Taghmaoui, Ewen Bremner e Eugene
Brave Rock tivessem tido mais tempo de tela porque com o pouco tempo que elas
receberam, elas aturam muito bem. Enfim, terminando, Mulher Maravilha mostra o caminho
certo que a DC tem que seguir daqui pra frente e tomara que ela siga mesmo, é o
filme de super–heroína que merecemos faz tempo, é o filme da DC que não tínhamos
faz tempo e um filme de super–herói como há tempo não era feito.
NOTA: 9
Definitivamente é um dos melhores filmes da DC até agora, e espero que continuem fazendo ótimos trabalhos como este. Na minha opinião, Wonder Woman foi um dos melhores filmes de super heroi que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio. Esse novo filme da Mulher Maravilha foi uma surpresa pra mim, já que foi uma historia muito criativa que usou elementos innovadores. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver. De verdade, adorei que tenham feito este filme. Acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas dos quadrinhos. É uma historia que vale a pena ver.
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